Já faz 30 anos, quando participava da Convenção da IFA (International Franchise Association) em Acapulco no México que escutei de um especialista: “Todos os negócios listados nas Páginas Amarelas podem ser uma franquia de sucesso”.

Você me perguntaria: “Páginas Amarelas?” Faz tempo, mas era uma Lista Telefônica de Negócios com páginas amarelas (não me pergunte o que é uma lista de telefones) ou atualizando para nossos dias, todo o tipo de negócio que você encontra no Google!

Então, qualquer negócio pode ser uma franquia de sucesso!

É isto! Qualquer tipo de negócio pode ser uma franquia de sucesso.

Hoje, somente no Brasil, são 32 setores da economia com mais de 140 diferentes ramos de atividade. E se você acha pouco (são mais de 3.200 diferentes negócios/franquias), cada brasileiro deixa em média R$0,24 por dia no caixa de uma das quase 238 mil franquias instaladas e em operação.

Mas qual é a mágica?

Depois de participar da estruturação e acompanhar a expansão de centenas de redes de franquias com um enorme sucesso e também com estrondosos fracassos posso lhe afirmar que a palavra mágica aqui é: NEGÓCIOS, que são efetivamente franqueáveis. Não é possível franquear Produtos e/ou Marcas que são licenciáveis e nunca franqueáveis.

Então, nem pense em me apresentar o seu “produto diferenciado” ou mesmo o seu “amplo cardápio”, pois quero ver mesmo, para que seja uma franquia de sucesso, um negócio com modelo diferenciado e com sucesso comprovado.

De nada adianta ter o melhor hambúrguer do mundo se o atendimento, o serviço e a operação do negócio é ruim!

E que tipo de negócio terá mais chance de ser um sucesso como franquia?

Quando você encontrar um negócio que tenha um modelo (que pode ser reproduzido, clonado) com conceito (como o serviço/produto atende o público-alvo) e posicionamento (como quer ser percebido pelo público alvo), que tenha sido instalado e testado em diferentes locais mantendo o mesmo padrão e com sucesso comprovado.

E o seu conceito é fast food com filas para pedir e fila para receber (então assuma slow food) ou mesmo aquele salão de cabelereiros express com hora marcada!!!

Tem que ter mais… O 3 por 2!

Se quiser sucesso como franquia precisa atender duas condições: a primeira é o tempo de operação e a segunda é a quantidade.

Muito bem, direto ao ponto: pelo menos três negócios (igualzinho) instalados em diferentes locais com o mesmo mercado (público-alvo), iguais e padronizados pelo tempo mínimo de dois anos (mínimo para conhecer o ciclo e a sazonalidade do negócio).

Conhecimento (know-how) e ganho de escala é o nome do jogo!

Uma franquia de sucesso é baseada na transferência de conhecimento operacional do negócio e, não apenas dos produtos ou serviços comercializados, mas do negócio como um todo.

E sua velocidade de expansão dependerá de padrões operacionais, que além de posicionarem o negócio junto ao consumidor (aqui, em Pequim, em Sydney ou em 37.500 diferentes locais pergunte o que é um Big Mac ou mesmo um McDonald’s) possibilitam ganho de escala transferido aos franqueados.

E agora que você já conhece aquelas que terão sucesso, fuja daquelas que…

Sem experiência – aquelas franquias que o franqueador não tem unidades próprias e nunca operou o negócio que está lhe vendendo;

Muita variedade – franqueadores com 3,4, 10 e até 12 diferentes “modelos de negócio”, enfim uma “salada de frutas”;

Delegam a busca da noiva – franquia comercializada por corretores e intermediários vá direto à fonte;

Amigas do seu estoque – onde o franqueador é o fornecedor e ganha quando você compra;

Pequeno, médio e grande, nano e micro – aquele que tem “vários modelos”, nunca testados e você será a cobaia no local;

Seladas – o selo de excelência, qualidade ou qualquer um é dado pelo franqueados que você diretamente entrevistou;

Sem taxas – sem serviço, sem suporte, mas elas existem e estão escondidas nos produtos que você tem que comprar.

Finalizando, sobre formatos e padrões

Redes de franquias bem sucedidas começam com um modelo de negócio certo, e crescem acumulando ganho de escala nos locais certos, até que alcancem a saturação no mercado ideal e, neste momento, lançam novos modelos ou mesmo produtos. Esta é a realidade das franquias norte americanas que possuem uma média de 870 unidades (tamanho médio da rede) por marca.

E por aqui na terra da criatividade e do jeitinho temos apenas 63 unidades médias por marca. É por isso que numa considerável parte das franquias não encontramos ganho de escala, nem padrões, muito menos modelo e conceito.

A maioria destas franquias no Brasil confunde ser franqueador com fornecedor de produtos. Assim montamos a indústria de paletas que vendemos para uma rede de lojas, que viram uma rede de quiosques e que viram uma rede de bicicletas.

E tem mais: a fábrica de sapatos que monta 5 diferentes tipos de negócios ou mesmo a perfumaria que tem loja, quiosque, porta a porta e logo será pirâmide!

Por Jorge Ishida e Marcus Rizzo | Franquias