A ideia surgiu quando Dulcimar, carinhosamente chamada de Dulci, aposentou-se e foi passar uma temporada com a filha para ajudar a cuidar da neta que havia acabado de nascer, em São Paulo. Entre tantas conversas entre mãe e filha, Dulci, que atuou durante mais de 30 anos no mercado financeiro, lembrou-se de uma época em que foi muito feliz: quando tinha um ateliê de patchwork na capital paulista.

“Toda vez que eu passava em frente onde eu tive esse ateliê em São Paulo eu falava: nossa, foi a época mais feliz da minha vida”, relembra. “Então, minha filha falou: mãe, por que você não faz isso? Mas de uma outra forma. Agora que se aposentou, abrimos uma empresa, nós duas juntas, com um sentido maior de usar a arte em tecidos para as pessoas se reconectarem”, revela. E foi assim que elas se uniram para abrir a empresa em Nova Lima, na Grande BH.

“A Papos e Retalhos, o nome mesmo diz, é com muita conversa e trabalho manual feito em retalhos que a gente leva a conexão”, diz Dulci. O ateliê trabalha com oficinas individuais, em grupo ou empresas. “Normalmente a gente trabalha com quadros. As pessoas escolhem o tema, a gente ensina a fazer e elas saem com o quadro pronto”, explica. No caso de grupo de amigos, o grupo escolhe um tema para fazer a arte em conjunto.

Já no caso de empresas, o tema é voltado ao desenvolvimento humano e alinhado às questões de Recursos Humanos (RH) – área de formação da Luiza. “A empresa nos passa o problema e a gente desenvolve o tema. Então, tem uma palestra sobre o assunto, e as pessoas depois fazem uma oficina para desenvolver aquele tema”, explica. “A parceria minha e da Luísa é muito perfeita, por isso criamos a Papos, eu fiquei com a parte da arte e ela ficou com a parte dos temas”, sintetiza Dulci.

Cenário do empreendedorismo em Minas

Conforme o Sebrae, Minas Gerais é atualmente o segundo estado do país com mais empreendedoras à frente de negócios. São 967 mil empresas lideradas por mulheres, entre 2,4 milhões de pequenos empreendimentos ativos. Esses números são fundamentais para entender por que histórias como as contadas anteriormente vêm se multiplicando.

Segundo Arielle Alexandria, analista técnica do Sebrae Minas, uma das razões que explicam os números é que a maternidade e a falta de oportunidades no mercado acabam empurrando muitas mulheres para o empreendedorismo. “A maioria que empreende tem entre 31 e 50 anos. Essa é a faixa em que as mulheres se tornam mães. Muitas vezes o mercado de trabalho não absorve aquela mulher de volta. Então ela resolve empreender.”

Arielle ressalta ainda que 83% das empreendedoras têm no próprio negócio a única fonte de renda. Elas têm que lidar com dificuldades comuns, como gestão, crédito e conciliação da rotina. “Cerca de 92% dessas mulheres começaram o empreendimento com recurso próprio. Então, às vezes recorrem ao dinheiro que juntaram a vida inteira ou ao FGTS. Isso não é tão saudável. Então o acesso a crédito é muito importante para as mulheres.”

Para auxiliar as empreendedoras neste processo, o Sebrae implementou a linha Fampe Mulheres, que oferece 100% de garantia nas operações de crédito realizadas por mulheres empreendedoras. O benefício é concedido a negócios em que elas sejam sócias majoritárias ou atuem como sócias.